O dia que Antonio nasceu #relatodoparto

Paula Laffront

Antonio

Processed with VSCOcam

 

Antonio está para fazer 4 meses dia 13 e até agora não havia escrito nada sobre o parto dele. Por mil motivos, mas o principal foi falta de tempo mesmo…rs Vocês sabem… Bebê, trabalho, casa, família e filho mais velho não é uma soma que resulta em tempo de sobra. Bom, queria ter escrito com tudo mais fresco na cabeça, mas antes tarde do que nunca.

Para quem não sabe, como contei neste post, estava planejando um parto natural para ele e numa casa de parto e não no hospital. Leiam este post, pois nele contei tudo o que estava sonhando e também como foi o parto da Dani, 10 anos atrás e no Brasil.

Enfim… Estava tudo planejado, sonhado e com plano de parto nas mãos quando tive a triste notícia que talvez eu não pudesse ter o parto fora do hospital. Isso aconteceu porque as minha plaquetas estavam muito baixa. E olha que eu já tinha mudado de opinião em relação a ter o parto no birth center (casa de parto) e considerando seriamente que o parto dele fosse em casa.

Voltando um pouquinho no tempo, lá pelo sexto mês, fui diagnosticada com anemia e uma contagem baixa de plaquetas em decorrência da anemia e da própria gravidez. Plaquetas baixas interferem na coagulação do sangue, portanto é extremamente importante mantê-las num nível seguro para ter o parto fora do hospital. Fui colocada numa dieta rigorosíssima e com uma tonelada de suplementos alimentares, vitaminas, chás, e etc…. Com esta dieta, consegui elevar as plaquetas e sair totalmente da anemia, até o oitavo mês. Quando cheguei no oitavo mês, mesmo seguindo a mesma dieta, meu numero de plaqueta caiu drasticamente e continuou caindo mais e mais. Meu corpo já não estava mais “aguentando”a gestação e Antonio estava “sugando”tudo de mim!

Com as plaquetas caindo cada dia mais, minha midwife veio com a bomba que eu temia. Se minhas plaquetas estivessem abaixo de 100 mil quando eu entrasse em trabalho de parto, eu teria que ir para o hospital devido ao risco de hemorragia e talvez a necessidade de uma transfusão.

Quando falamos de parto em casa ou em casas de parto, partos sem médicos e sem intervenções, sempre (eu, os médicos, as parteiras e todos os defensores do parto natural) falamos que é extremamente seguro numa gestação saudável. Mas o fato é que quem é contra o parto natural não leva isso muito a sério e duvida desta segurança! Pois bem… eu mesma fui um caso onde fui acompanhada por uma parteira durante o prenatal inteiro e que ao final saí da faixa saudável para um parto não hospitalar e fui totalmente contra indicada a parir onde planejava. Obviamente ninguém quer colocar ninguém em risco e quando falamos de partos naturais, fora de hospital, essa é uma verdade absoluta. Nenhum médico, nenhuma parteira vai permitir que uma gestação com qq tipo de risco tenha um parto doméstico.

Ta-daaaaa! Essa foi para aqueles que não acreditam na segurança de partos humanizados e naturais….!

Pois bem… fui proibida de ter o parto fora do hospital. Categoricamente! E eu fiquei arrasada. Entendi claro e não pensei em momento algum a me rebelar ou coisa do tipo e aceitei o fato que Antonio nasceria num hospital, de uma forma bem diferente da que idealizada. Entendi, aceitei, mas fiquei muito arrasada.

Isso foi no início do oitavo mês e me agarrei a possibilidade de reverter a situação com mudanças na dieta, outros suplementos e na ultima semana fui colocada de repouso. Mas nada… Na minha última consulta antes dele nascer, estava com a contagem em  68 mil plaquetas. Muito abaixo do normal (140mil) e muito abaixo do seguro (100 mil)! Eis que veio a bomba final. Abaixo de 60 mil estaria em risco de vida, mesmo tendo o bebê no hospital. Estava com 39 semanas e 3 dias. Minha médica me deu dois dias e disse: Se ele não nascer neste final de semana (era uma sexta feira), na segunda teremos que induzir o seu parto. Não podemos deixar as plaquetas caírem mais. (ouçam bem… ela falou induzir e não marcar cesária!!!!! Graças a Deus não estou no Brasil, se estivesse certamente teria ido para a faca, pois parecem que os médicos desconhecem indução de parto nessa terra!).

Bom, saí da consulta em choque. Mais um sonho (de entrar em trabalho de parto novamente) estava indo por água abaixo. E junto com a indução, que leva a contrações muito mais doloridas, também estava vendo a minha vontade de não tomar anestesia indo para o buraco também… Não estava achando que iria aguentar contrações de uma indução.

Respirei fundo, e voltei para a casa com o estômago embrulhado, me joguei na cama no meio da tarde e de lá só saí por volta da 1 da manhã com uma surpresa deliciosa! Minha bolsa estourou! Assim como no parto da Dani, minha bolsa havia estourado novamente.

Acordei com aquela sensação de sonho, sem entender direito o que se passava e alguns segundos depois realizei. Vai nascer! Não acreditooooooooooo! Estava encharcando a cama, não tinha dúvidas! Antonio estava vindo ao mundo na melhor hora possível e na hora que ele quis. Não precisei submeter o meu bebê a uma indução de parto! Minha felicidade era gigante!

Estava radiante. em poucas horas teria meu menino nos braços.

Liguei para a minha midwife e ela reforçou as instruções que já havia me dado na consulta caso eu entrasse em trabalho de parto no final de semana (aliás, ela já desconfiava e não havia me contado, que eu estava prestes e ter o bebê mesmo). Como a bolsa estava estourada, pulei a parte de esperar as contrações engatarem e tive que ir imediatamente para o hospital.

No caminho comecei a contar as contrações e estavam irregulares ainda. Assim que chegamos ao hospital, a enfermeira calmamente me encaminhou para triagem já que eu não tinha nada regular para contar…rs Mal sabia ela com quem estava lidando…. No parto da Dani, entre a bolsa estourar e ela nascer foram 9 horas. O segundo parto tende a ser mais rápido.

Cheguei no hospital e informei minha midwife que já estava lá aguardando a triagem e ficamos de nos falar quando as contrações começassem a ficar regulares. 15 minutos depois, BUM! a primeira grande e dolorida contração que me deixou totalmente sem ar. 4 minutos depois, outra! 3 minutos depois e eu estava quase me jogando no corredor daquele hospital de tão fortes que estavam! Era hora, estava tudo regular e liguei correndo para minha midwife chegar logo!

Ao me verem do jeito que estava em  apenas 15 minutos, se ligaram que parto comigo é uma coisa rápida, sem aquelas longas horas de trabalho de parto e pularam a triagem e já me mandaram para o quarto para ser examinada. Na primeira examinada, a enfermeira gritou ZERO! e saiu correndo. alguns segundo depois estava sendo empurrada pelos corredores rumo à sala de parto!

Enfim entendi que ZERO significava dilatação total e já estavam vendo a cabeça dele lá em baixo! Uau! Eu nem estava acreditando…. Nem tive tempo de espalhar as 10 copias do plano de parto que eu fiz…rs

Meia hora depois de chegar no hospital e uma hora e pouco depois da bolsa estourar, já estava na sala de parto. Consegui falar com o médico em plantão e contar do meu plano de parto, que eu não queria intervenções, não queria epísio, nem anestesia e bla bla bla….. Minha midwife já havia passado minha ficha médica para eles logo após a consulta da tarde e já estavam por dentro do meu caso de plaquetas baixas…

Como eu ainda não estava precisando empurrar, puderam fazer mais alguns exames para checar o nível de plaqueta novamente e etc…. E aguardaram lindamente eu querer espontaneamente entrar na fase de expulsão naturalmente, sem forçar.

As contrações estavam mais rápidas e menos dolorosas e com as técnicas certas de respiração, o apoio da minha doula que chegou rapidamente e do meu marido, consegui relaxar totalmente e cheguei a dormir entre as contrações. E continuei dormindo tb durante o expulsivo.

Acordava mesmo só na hora das contrações e bum, voltava a dormir. Depois aprendi que eram os hormônios me relaxando e me deixando ativa intercaladamente. Nosso corpo é incrível mesmo….

Felizmente fui completamente respeitada e tudo o que foi possível para humanizar o meu parto foi feito. A equipe médica era maravilhosa e foram todos incríveis. A fase do expulsivo começou e ela foi realmente difícil. Não pela dor, mas pela cansaço. Parir ativamente é muito mais cansativo do que imaginava. Muito mais do que dolorido. Dor mesmo, foi super suportável e estava preparada para ela. Foi bem tranquilo aguenta-la. Mas todo este esforço físico tenho que confessar que foi duro! As pessoas falam tanto da dor e se esquecem que o corpo faz um esforço fenomenal para parir. A cada empurrada comecei a achar que não ia conseguir. Eu fazia toda a força do mundo e nada dele sair! Nada! tentei me controlar e a cada pensamento que me vinha que eu não ia conseguir, ouvia a voz do meu marido do meu lado, segurando minhas pernas, dizendo que eu ia conseguir e que estava quase lá.

A sala e toda a equipe médica, minha doula, minha midwife e meu marido estava lá torcendo muito! Uma força e uma energia absurdas, todos ao meu lado e acreditando muito em mim. mesmo naquelas vezes que eu fazia uma força menos eficiente, eles estava lá do meu lado gritando, incentivando e me encorajando. A hora que eu percebi isso e coloquei na minha cabeça, ou melhor, relembrei o que sempre acreditei, que o corpo humano é incrível, que nós mulheres somos feitas para parir e que somos ridiculamente fortes e que a natureza é extremamente sábia, dei os últimos empurrões e finalmente a cabeça saiu.

Quando ela saiu achei que tivesse acontecido algo errado, pois toda a equipe médica mudou de comportamento, mudaram a mesa, pegaram outros equipamentos e pediram para eu segurar um pouco. Aí sim me mostraram a cabeça dele. Eu não podia empurrar pq eles estavam se preparando para tirar o bebê de vez, mas meu corpo estava lá todo forte querendo tirar aquele menino de mim! Mais uma forcinha e pronto, Antonio nasceu. Lindo, forte, extremamente saudável e enorme, com 3,6kgs e 54cm!

Eu não estava acreditando naquilo tudo. Parecia um sonho…. Eu, euzinha, tinha parido aquele bebezão. Me senti forte, me senti incrível e invencível. Parir uma criança de forma tão natural é a coisa mais normal que existe, mas ao mesmo tempo é algo sublime. É uma experiência incrível e que me mudou profundamente. É clichê mas tenho que me dizer que me deixou mais forte. Mudou meu marido também que se encheu de orgulho de mim e de tudo aquilo que eu tinha feito. A melhor e mais louca experiência da minha vida! Nem tenho mais palavras para descrever como foi. E sei que quem já passou por isto, sabe exatamente o que estou dizendo.

É mágico, é incrível é fenomenal! <3 Tive o parto que queria, natural e lindo! Sem anestesia, sem nenhuma intervenção médica. Os médicos estavam ali apenas acompanhando e não “fazendo” o meu parto. Quem pariu ali fui eu.

Dois dias depois estávamos em casa, com Antonio nos braços, a família completa e com uma vida toda pela frente.

Fale Conosco

Entre em contato agora mesmo para contratar a nossa ajuda ou tirar suas dúvidas. Vamos adorar falar com você.
Entre em Contato